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Psicanálise em prosa e verso - Psicanálise clínica, consultoria em saúde e educação

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A independência da mulher e o seu ideal na sociedade

29/12/2014 22:07

Algo muito comentado hoje é a mulher na contemporaneidade, o clamor à igualdade dos sexos e a definição de papéis, enfim, não faltam textos, reportagens, romances e crônicas calorosas de boas escritoras defendendo a independência da mulher. Acho toda forma de expressão válida e muito interessante quando o assunto se desenrola em defesa da justiça sobre o que quer que seja.  

O que é uma mulher independente? Sempre leio que é aquela mulher que trabalha fora, paga as próprias contas e não depende de ninguém. Pode ser, mas será que este é o ideal de todas as mulheres? Ouço muitas mulheres se vangloriando desta independência em detrimento àquelas mulheres denominadas pejorativamente como “Amélias”, como se fossem melhores, ou por estarem fazendo o certo, por defenderem a classe feminina e a igualdade entre os sexos.  

A meu ver, a igualdade entre os sexos tem muito mais a ver com escolha do que com postura pré-estabelecida.   Devemos ver, por exemplo, com naturalidade o pedido de uma menina que quer um carrinho de presente, ou o menino brincar de boneca. A mulher tem que ter o direito de escolher como quer viver sem ser julgada.  Ela pode querer ficar e cuidar da casa e dos filhos sem que se sinta desvalorizada como mulher contemporânea que é, por que ela está ali por escolha e não por que o marido a obriga ou o pai mandou, ou por que este deve ser o papel da mulher. Nada disso! A mulher pode ser o que ela bem entender. Temos que parar de definir padrões e julgar as pessoas.  Conheço muita mulher independente que o só o é por que não tem escolha, que queria trabalhar menos e ter mais tempo para a casa e os filhos, ter mais tempo para estudar, que queria ter mais qualidade de vida, viver com mais equilíbrio. Vejo muita mulher independente cada vez mais exausta com suas jornadas de trabalho e ainda sendo julgadas por que a casa está suja. Ou seja, mulher legal é a independente, mas só na hora que convém.

Vejo que muitos homens – não todos – estão se moldando do jeito que as mulheres querem: descolados, sem preconceitos, equânimes, mas no fundo querem que as “Amélias” trabalhem fora, mas que não deixem de ser “Amélias”.  Vivemos hoje um conflito de valores: o que queremos ser e o que queremos para nós. As pessoas estão com medo de dizer o que querem do outro. O machismo ainda reina absoluto, inclusive entre muitas mulheres.

Ouvi dizer outro dia, que mulher independente assusta demais o homem. Não, mulher feliz e bem resolvida é que assusta, mas não necessariamente o faz desistir, mas talvez o faça mudar de conceito, de deixar de ver a mulher como uma extensão da própria mãe e sim um ser à parte a fim de somar e não de competir ou cobrar eternamente o que é o papel de quem. E neste mundo de desejos, amores e afinidades, encontraremos homens e mulheres que trabalham fora e ajudam na casa, homens que trabalham fora e mulheres que cuidam da casa (sem que com isto sejam menos respeitadas), homem que cuidam da casa e mulheres que trabalham fora (Sim! Existe) e assim por diante... Da forma que for e como for, até que alguém mude de opinião ou de desejo ou até que a morte os separe.  

Independente de modinha, vamos trabalhar em prol da igualdade dos sexos na hora de educar um filho, refletir na hora de pensar mal de uma mulher por que ela vive a vida diferente da sua, antes de achar que a mulher é exigente por que não tem homem e de nos entendermos enquanto sujeito de vontades distintas e vida própria. Esses são os propósitos feministas, elas queimaram sutiãs por igualdade, liberdade e direito à escolhas e não, para cair em esteriótipos contemporâneos.

Daniella Salgado,

psicanalista clínica, professora e enfermeira.