"Felicidade como algo individual: você é capaz, você está vivo!"

Psicanálise em prosa e verso - Psicanálise clínica, consultoria em saúde e educação

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Primeira viagem aos Estados Unidos: impressões

05/02/2015 18:05

Uau! Que ansiedade! Pensava que este dia jamais chegaria; tantos medos – sim, tenho medo de coisas contingenciais como o avião cair ou eu me perder, de não ser compreendida ou ser assaltada... Porém quanto a este último todos foram unânimes em me acalmar: “lá você pode ficar tranquila, não acontece nada disso”. Como se pertencêssemos a espécies diferentes e aqui vivessem os selvagens – rio ou choro?.

Sempre me disseram que éramos muito parecidos com os americanos, principalmente depois da globalização, mas assim que cheguei percebi grandes diferenças culturais que foram pouco a pouco ficando mais evidentes. É uma forma de pensar distinta e a comparação é inevitável: em algumas coisas lá é melhor, em outras, pior: nossa comida é melhor e mais barata, nós temos maior capacidade de lidar com imprevistos cotidianos, nós valorizamos mais a vida privada: vi um consultório dentário com parede de vidro e a cadeira virada para a rua, uma cartomante que atende numa vitrine, vendedores de shoppings excessivamente invasivos e a cidade inteira é “faixa azul” – leia-se: “pay parking”, ou seja, ir à praia pode chegar a custar caro. Sem contar a agoniante dependência que eles têm do petróleo e da falta de conscientização sustentável.

De toda forma, eles são sem dúvida um povo organizado e muito educado! Percebi que o pobre e o rico, pessoas das mais variáveis religiões – judeus e mulçumanos, principalmente – pessoas de todas as cores e mundos, homo, hetero e trans, frequentam os mesmos lugares e ninguém fica se entreolhando ou fazendo comentários maldosos ou qualquer coisa preconceituosa do gênero – algo que sempre me irritou aqui no Brasil e que está cada dia pior – lá, cada um cuida de sua própria vida! Se um mendigo entra numa lanchonete, ninguém o expulsa. É incrível o respeito ao próximo, ao pedestre, ao consumidor... Fiquei encantada! – beirou a inveja. Sem contar que o preço das coisas é, de fato, justo e os produtos tem uma qualidade melhor.

Disseram-me outro dia que melhor seria eu ter ido à Europa, que ir aos Estados Unidos não é um passeio cultural e sim puramente comercial. Ledo engano, mesmo com tantos atrativos comerciais, a intencionalidade é individual, isto é, tudo depende da forma como você enxerga. Existe uma cultura peculiar e admirável: sejam nas casas sem grades e nos carros expostos, seja no sofisticado hospital feito só para os animais, sejam nas bandeiras americanas em tudo quanto é lugar – inclusive na praia – e nas gentilezas pueris de um povo que vive bem. Lá também tem pessoas doentes e perdidas, mas a sociedade não se sente ameaçada com isso. Está certo que vi poucos transportes públicos e alguns com uma exagerada quantidade de propagandas, mas a grande maioria – se não dizer todos – tem carro. Sei que não é uma boa solução ambiental, mas foi a maneira que eles encontraram para terem conforto.

Não deixem de fazer viagens para lugares porque alguém disse qualquer coisa que seja, todo lugar é rico em cultura – é isso que nos move – todo lugar, tem algo a nos dizer e temos algo a dizer também, mostramos um pouco de nós e de nossos costumes que, ao contrário do que esperava, é recebido com uma curiosidade genuína. Eles tem orgulho de seu país, mas nem por isso menospreza o estrangeiro, pelo contrário, oferece emprego, asilo e igualdade.  

Well, essas foram um pouco das minhas impressões, desta grande cidade – Miami. Que sirva de exemplo para entendermos que o problema brasileiro, não é o Brasil e sim alguns maus hábitos, como por exemplo: o de denegrir o próprio país que vive e não gostar de encontrar pobres em lugares que frequenta.

Daniella Salgado,
Psicanalista em formação, professora e enfermeira.