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Psicanálise em prosa e verso - Psicanálise clínica, consultoria em saúde e educação

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Riso (sardônico)

21/05/2017 19:49

É natural que agora, diante dos últimos acontecimentos políticos, eu que votei na Dilma em 2014 e fui rechaçada por isso de várias maneiras - seja de forma direta, seja de forma simbólica – ache graça do para mim era óbvio há tempos em relação ao caráter de Aécio e o oportunismo de Temer, leia-se: PMDB. Ora, as pessoas levantaram bandeiras de: “A culpa não é minha, eu votei no Aécio”, como se ele fosse sinônimo de boa intenção e candura, ahhh! Tive que desabafar. Quantas vezes avisei? Pedi uma escuta! Ninguém quis ouvir os relatos de jornalistas ameaçados e silenciados e história de servidores estaduais desesperados... me rotularam de petista, esquerdopata, burra, etc. Ignoraram, inclusive, um helicóptero cheio de drogas e aeroporto feito com o dinheiro público. Nem quiseram debater, tamanho ódio que se abateu principalmente sobre os mais abastados: assisti a vídeos terríveis após a vitória de Dilma. Fiquei bastante assustada com o real pensamento que encontrou na ira uma forma de virar palavras de repúdio, principalmente aos nordestinos e aos pouco favorecidos. Nessas horas me lembrei de cenas vergonhosas que presenciei em aeroportos quando “ricos” se sentiram desconfortáveis com a presença de “pobres” no local (e não ficaram calados, foram desrespeitosos e grosseiros). Lembrei de quando eu li no Facebook postagens de pessoas preocupadas com o fato de todos terem acesso a faculdades. Ainda sou julgada por exigir provas contra Lula antes de o condenarem. Provas! E não apenas delações, convicções, Power Points e o desejo oculto de ver um metalúrgico preso. Isso não quer dizer que eu acredite nele ou que votarei nele em 2018, significa apenas que eu não tenho um pensamento dicotômico. Não há dois times na arena, meus caros. Há um sistema político falido, com base numa organização criminosa do velho: “jeitinho brasileiro”.

A hora é de refletir e aceitar a verdade de que nunca existiu uma luta entre o bem e o mal e sim o desespero de um povo perdido e cansado de lutar e acreditar. Peço para terem cuidado com sentimentos desoladores, por que são deles que abutres como Bolsonaro se aproveitam para emergir, assim como fez Hitler na Alemanha em crise. Meu riso é sardônico e não de deboche ou vingança – como pensam alguns - é uma risada nervosa de quem não se sentiu surpreendida, mas que sofre com uma história triste. A política brasileira corrompeu a redemocratização conquistada à duras penas. A hora é de despertar. Mas não (novamente) uns contra os outros, mas de um despertar mais profundo, a realidade: saber que precisamos de “diretas já”, é perceber que fracassamos de certa forma. A palavra agora é de união, coragem e discernimento. Estarei sempre aberta ao debate, mas não mais para desaforos (este nós já temos de sobra).

#Elaboremos.

Daniella Salgado C. Gomes, psicanalista clínica, enfermeira e professora.