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Psicanálise em prosa e verso - Psicanálise clínica, consultoria em saúde e educação

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Verdades, nada secretas

07/07/2015 13:22

Acredito que a nova novela das 23h: Verdades Secretas, esteja prendendo a atenção pela mesma razão que 50 tons de cinza prendeu: poder viver fantasias perversas e deleitar-se no imaginário diante de um excelente jogo fotográfico que transforma qualquer absurdo na coisa mais linda e pura – parabéns aos diretores. A coisa é tão bem feita que se torna trivial – ninguém fica pensando, por exemplo, que o personagem Alex esteja cometendo um crime.  Já as modelos são julgadas o tempo todo, no próprio enredo e entre os comentários das pessoas e então, a torcida gira em torno que a linda menina corrompida tenha um final feliz com o Alex, que encarna o ideal de “príncipe” da atualidade: narcisista, frio, enigmático, bonito e rico – só faltou o quarto-vermelho-da-dor. Detalhe: o tom nesta torcida é sempre de que a menina em questão seria uma garota de sorte.

Nas cenas da filha do empresário, os comentários são sempre no sentido de rechaçar a personagem (como se rico não tivesse direito a sofrer, por ser rico). Entretanto a pobre-menina-rica é um resultado do meio – a começar pelo pai omisso, com uma criação regada de maus exemplos e uma mãe que tenta, aconselha, mas ao mesmo tempo permite que um estranho entre na casa, na vida familiar e pose de pai.

Não há como negar que o tom apelativo em assistir lindas pessoas nuas em tomadas de tirar o fôlego cause frisson e curiosidade – incluindo a minha; sem contar as excelentes interpretações, principalmente a de uma de nossas rainhas da TV: Marieta Severo. Mas, que não percamos o senso crítico em saber perceber que o que acontece na novela são situações criminosas e/ou absurdas: uma rede de prostituição – incluindo menores de idade – encabeçada por Fanny, o crime de sedução de menores praticado por Alex, a acusação de estupro - que não foi averiguado e não mais tocado (se a modelo fosse branca, será que o assunto teria morrido?). E coisas menores como: a forma que a professora é tratada na escola e nada é feito, o bullying entre os colegas, a droga na festa (que nem é comentada), a avó explorando a neta, etc. Será que é preciso ter uma filha de 16 anos para pensar em tudo isso? Acho que não.

Adendo: confesso que pesquisei as idades das atrizes para saber se não eram menores.

Daniella Salgado - psicanalista em formação, professora e enfermeira.